Sunday, June 29, 2008

Pela primeira vez nas Olimpíadas


Apenas doze pessoas no mundo foram selecionadas para competir pela categoria de kung fu durante as Olimpíadas de Pequim, este ano. Um deles é brasileiro, e se chama Adriano Lourenço, de 21 anos. Moreno de 1,68 metro, Adriano treina kung fu desde os cinco anos. Em novembro do ano passado, o jovem paulista, morador da zona sul de São Paulo, esteve em Pequim pela primeira vez quando participou da nona edição do Campeonato Mundial de Wushu, uma das linhas do kung fu.

De lá, Adriano voltou com a satisfação de ter ficado na décima segunda posição, entre 73 atletas, na competição do estilo Nanquain. Foi a primeira vez que o Brasil ficou entre os 12 primeiros colocados. Nas edições anteriores, o Brasil esteve sempre mais perto do vigésimo lugar.

Voltou ainda agraciado por uma memória inebriante. Durante uma de suas apresentações, teve seu nome pronunciado pela torcida asiática que gritava "Adriano jiayo" algo como Adriano campeão. Sua expressão intensa nos movimentos do wushu, que exige seqüências de saltos mortais e é expresso também através dos gritos do atleta, surpreendeu a platéia chinesa. Era atípico ver um ocidental tão à vontade naquele estilo familiar ao sul da China, marcado por explosões de golpes individuais - Adriano virou atração, dando entrevistas paras as TVs asiáticas, e sendo alvo de fotografias dos turistas locais.

O esporte entra pela primeira vez numa disputa olímpica, e Adriano já sente a responsabilidade de levar o nome do Brasil mundo afora. Não conta com patrocínio, se não com ajuda de custa de uma Bolsa-Atleta, de R$ 750, conquistada depois de sua passagem pelo campeonato mundial de Wu Shu - na ocasião, o Brasil ficou na frente de outros países asiáticos, como Indonésia e Filipinas, onde o esporte é uma tradição.

Treina exaustivamente todos os dias, trabalhando a energia para os dias que virão. Estes filmes do youtube mostra um pouco do que Adriano faz. http://www.youtube.com/watch?v=i95ex8Y15mU
Nanquan

Saturday, June 28, 2008

um Blade Runner pra criançada


Wall.E, novo filme da Pixar, e do diretor festejado de Procurando Nemo, vale a pena. Na verdade, surpreende pela exposição de uma atmosfera inóspita, angustiante e desoladora, que é a Terra inabitável nos anos de 2200 e alguma coisa. Lixo aculumado em forma de arranha-céus, céu este que nem de soslaio tem algum tom de azul. E o protagonista nem é humano. É Wall.E, um robôzinho que me lembrou o ET quando assisti ao trailer. Nao li nada sobre o filme para não me contaminar. E lá estava estarrecieda com o desenrolar do filme.


Aquele cenário cinza, que me lembrou um pouco do Blade Runner ou do Exterminador do Futuro, me fez pensar como as crianças já estão em contato com temáticas tão fundamentais e definitivas, como esta. Ali, num amplo cinema, viram o mundo sem natureza, humanos obesos por conta da terceirização do pensamento aos robôs e assim por diante. A Pixar ainda deu uma chance à humanidade, levando-os a uma grande nave onde estão esperando a vida na Terra ficar mais habitável. "A vida assim é insustentável", diz o capitão da nave ao constatar que não há mais plantinhas na Terra. Até irritante a utilizaçao dessa palavra diante do marketing da sustentabilidade, pra dizer a verdade.


O filme me agradou, como aconteceu com Nemo, na minha opinião, o filme infantil mais sensível dos últimos anos, ainda mais em se tratando de uma produção que ganhou milhões de milhões, duas grandezas que não se misturam nos tempos atuais - sensibilidade e grandes faturamentos.


Pois a Pixar tem realizado essa proeza. De qualquer modo, este olhar é de uma pessoa adulta. A todo momento, durante as longas seqüências silenciosas na tela - enquanto o robozinho se movimenta sem diálogos por não ter interlocutor em várias passagens- eu 'viajava' no cenário e na mensagem densa por trás do filme. Mas pensava "isso está dando certo para mim, mas vamos ver meu espectador mirim". Lá estava meu filho com os olhos pregados na tela, impressionado com tudo o que enxergava. Ficou cismado com as máquinas que não entendiam a raiva do comandante interessado em mudar planos para salvar a Terra...




Wednesday, June 25, 2008

Crônica de um asilo

Setenta e sete anos, viúvo, vivendo num asilo. Seiscentos velhinhos, apenas dez por cento deles ativos. Gui faz parte desse grupo. Fora motorista de ônibus a vida toda. Teve o seu, inclusive, que ficava no quintal de sua bela casa. E um Simca que despertava a inveja da vizinhança. Não fez fortuna. Fez uma família bonita. Que perdeu a liga, é verdade, depois da morte da sua mulher.

Por essas e outras, foi parar num asilo. Mas não entregou os pontos. Viver, sempre, até o último minuto. Gui acorda cedo, às seis. Quando não está colaborando com as freiras, que dirigem a instituição, varre o alojamento, cuida das plantas, ajuda na cozinha, dirige para transportar os colegas. Até as nove da manhã ocupa as horas inventando atividades. Às nove, entretanto, é a hora da missa. Gui veste um terno, inclusive com gravata, e segue para a capela. Ritual diário estimulado pelas anfitriãs para incentivar a auto-estima. Ninguém entra na capela sem gravata.

Sua dedicação às tarefas domésticas acabou ganhando a confiança das freiras. Um bom subterfúrgio para esquecer a saudade da família e a letargia daquele espaço. Seus companheiros e companheiras não colaboram. Estão anestesiados mesmos. Aqueles que não falam sozinhos, ficam aguardando as ordens das matronas. E divagam esperando as horas passar.

Mas as religiosas simpatizam com Gui. Lhe deram até um espaço exclusivo para que ele desenvolva suas habilidades manuais. Aproveitou a deixa e já montou uma pequena oficina dentro do asilo com ferramentas velhas. Além de pequenos consertos, passa o dia reunindo sucata para montar brinquedos. Um modo delicado de fazer o tempo passar. Suas pequenas geringonças não ficam na prateleira, em todo caso. Gui segue até a cidade e vai oferecê-las com um argumento irresistível.

- compre, são os velhinhos do asilo que montam estes brinquedos.
Ninguém resiste ao argumento, ainda que marotamente editado. Somente Gui dá forma à imaginação, resgatando malícia infantil em avançada idade.

Gui perdeu o medo da vida. E dos julgamentos. De noite, todos os velhinhos vão assistir alguma novela na televisão. Ele não. Pega duas agulhas e vai fazer algum tricô. Já fez blusas, cachecóis. Nem sempre tão bonitos, mas quem se importa. É o jeito de interagir com a trama da sua vida. Que só fica triste quando os filhos somem por mais de seis meses sem dar notícias. Que pena. Não sabem o que estão perdendo. Nem tricô nem funilaria. A arte de transformar o tédio, a tristeza, a melancolia em pílulas de vida.






Tuesday, June 24, 2008

Love me do

As empresas resolveram associar suas marcas a espaços culturais, em São Paulo. Assim, perdemos o Cine Belas Artes e temos agora o HSBC Belas Artes. Perdemos o Lumière e ganhamos o Cine UOL. As casas de espetáculo, idem. Credicard Hall, DirecTV Music Hall, e assim por diante.

As marcas estão cada vez mais "atrevidas". E agora chegam às rádios. Rádio Marítima ou Porto Seguro para acompanhar o trânsito. E a'- confesso, gostei - simpática Mitsubishi FM, com música variada. É realmente a era 'lovemark'.

Mas o 'hatemark' também existe e esse perdura mais que o 'amor' das novas criações. Se espalha tal qual vírus com ajuda da internet... há de se acompanhar de perto este consumidor mais rebelde e mais antenado...

Monday, June 23, 2008

Um Zé de graça dois

pois é, a tecnologia modifica os modelos de negócios. Na Coréia, um dos jornais mais populares têm um time de jornalistas que publicam matérias sugeridas pelos leitores. Mas é no Vale do Silício que jornal do jeito que é feito hoje se tornou peça de museu. Segundo nota do BlueBus, O San Jose Mercury News, no coraçao de Silicon Valley, perdeu um quarto de sua redaçao desde o estouro da bolha da internet.

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É um imbróglio no estômago

Todos os nossos presidentes sempre têm amigos. Todos eles tiveram compadres que em algum momento mostraram a sombra dos nossos governantes. Com o Lula não é diferente. Seu compadre em alguns momentos mostra rasgos similares a PC Farias, tal qual seu conforto no papel de amigo.

Quando eles aparecem é quase como dizer que o gato subiu no telhado. Embora o Lula tenha a sorte de surfar em boas ondas econômicas que podem apagar as marcas na areia do Roberto Teixeira, assim como apagou as do Valdomiro, amigo do amigo do Lula, José Dirceu.

De qualquer modo, não há como negar que a atitude de Denise Abreu chama a atenção. Gostaria de crer que ela trouxe à tona o assunto por uma indignação cidadã, porque é amiga do povo. Porém, me questiono ao mesmo tempo. Se tanto lhe desagradou, por que não abriu a boca naquele momento, ainda que lhe custasse o cargo? Da mesma forma que não abriu a boca na época do caos aéreo. A única imagem pública que ficou marcada dela foi sua presença num casamento um dia após a tragédia baforando charutos. Penso nela, e penso na Marina Silva. Esta última sim, nao aguentou, e saiu, deixando indignados inclusive seu quase-amigo, presidente. Por que nao fez o mesmo? Por que esperou ser chutada por incompetência?


O setor aéreo já se provou um saco de gatos sem fim, cheio de amigos. Alguém lembra que o Roriz teve de dar explicações por um depósito de mais de R$ 1 milhão vindo de seu amigo Constantino, dono da Gol?

Sunday, June 22, 2008

Um Zé de graça

Quem diria que iríamos ter gratuitamente as músicas que quiséssemos via web. E agora, legitimados por algumas gravadoras, tal qual a Trama, que colocou em seu site o novo álbum de Tom Zé. Ganham os seus fãs, a gravadora, e o próprio Tom Zé, que recebeu din din de patrocinadores que bancaram o novo modelo de negócios inaugurado pela web. "Eu nao pago pra ver novela, por que pagamos para ouvir discos?", questionou Marcelo Bôscoli, dono da Trama.

Bôscoli lembrou que o CD mais vendido atualmente é o CD virgem, que tod omundo compra para gravar as músicas que bem entender. Em seu site, a campeã de downloads até o momento é uma tal de Dance of Days, com 54 mil downloads de seu disco Insônia.

É uma delícia ver a morte de um segmento como o de gravadoras, que alijaram milhares de artistas que não estavam na música da novela, mas tinham talento. Do dia pra noite, foram deletadas do cenário.

A tecnologia e a rede virtual, aliás, devem alijar uma série de hábitos. Nao há dúvidas que a venda de relógios caiu com a multiplicacao de celulares.

só falta a gente aprender a utilizar a tecnologia para banir falsos profetas, políticos e afins...

Geração 2.0 parte 2

Coincidência. Esta semana uma edição da TPM trazia uma reportagem sobre as novas famílias, que nada tem a ver com os comerciais de margarina. Hoje casais homos adotam filhos, ou os têm com amigos e amigas em acordos mútuos, e os segundos ou terceiros casamentos já legitimaram os meio-irmãos e meio-irmãs. Nada menos que 41% das famílias brasileiras, dizia a reportagem, nao seguem o estilo papai-mamãe-filho, segundo dados do IBGE.

Era de Aquário na prática.

Monday, June 16, 2008

Geração 2.0 pós divórcio

- Estou muito feliz de seu filho entrar para a nossa família...

A frase acima pode querer dizer mil coisas. Mas ela representa a geração 2.0 pós divórcio. Na festa de sete anos da sua filha, meu amigo dizia para a sogra de sua ex-mulher - ou seja, mãe do novo marido de sua ex cônjuge - que estava contente pela escolha dela, que afinal de contas, é agora o padrasto de sua linda filha.

Fez questão ainda de tirar fotos com o novo par da ex-mulher. Foram cenas que emocionaram a todos os convidados.

As mudanças sociais e comportamentais nao acontecem do dia para a noite. O divórcio no Brasil foi legitimado em 1976. Até então, era comum o preconceito com "a separada" (nunca com o separado, claro). Ainda tenho amigos que contam de terem sido apontados como "o filho da separada".

Tenho amigos cujos pais se separaram há decadas, hoje já são idosos e não suportam a idéia de festas familiares no mesmo ambiente. Ou seja, meus amigos sofrem a cada aniversário dos filhos porque têm de escolher se chamam o pai ou a mãe.

Hoje, porém, o mundo é completamente outro. Quando me separei, metade da classe do meu filho, então com 3 anos e meio, tinha pais separados.

Esses exemplos me ajudaram muito a entender que tipo de vida ia querer para meu filhote. Me imaginar estendendo rancores por toda a vida é algo que me angustiava deveras. Romper gera mágoas, por vezes, infundadas até. Orgulho se cristaliza, e cria comportamentos viciados. Mas são os filhos que sofrem. Como um calo que está ali e você nao tem como tirá-lo.

Felizmente, a nossa geração procura aprender com os erros do passado, e quem mais tem a ganhar são mesmo os filhos. Ontem celebrei o aniversário do meu filho depois de quase 3,5 anos separada e de festas separadas. Foi a primeira vez que celebramos junto com o pai dele e sua família. Fomos o que seríamos se não tivéssemos nos casado um dia: amigos.

O melhor da festa meu filho disse.

- Qual foi o melhor presente que você ganhou, filho?

- A festa!

Como diz uma grande amiga, voltamos ao tempo das comunidades, das civilizações mais livres, quando todos eram pais e mães das crianças. Ainda bem. Nem só de más notícias vive o mundo.

Saturday, June 14, 2008

O imponderável

Um especialista em administração do tempo dizia que é necessário deixar duas horas na agenda para eventuais situaçoes inesperadas. Assim, se elas nao surgissem, poder-se-ia estender o tempo em alguma outra tarefa já pautada na agenda.

Parece organizaçao demais e um intento de controlar até mesmo o imponderável. Feliz de quem logra seguir o plano. Estamos sempre tentando ser cada vez mais eficientes em fechar todas as pontas. É o mundo da lógica.

Por vezes, entretanto, o imponderável vem travestido do título de 'surpresa'. Alguma situaçao que na verdade desejamos que aconteça. Adiamos planos em nome desse imponderável, alguma oportunidade única. Um bom negócio, uma boa entrevista, um potencial encontro, um prêmio, um presente.

Não raro, são situações irresistíveis. Aquelas que você sabe que tem grandes chances de sair gratificado. O melhor é racionalizar um acordo para estabelecer parâmetros adequados.

O imponderável, entretanto, é o inesperado. O que você não sabe que vai ficar. Mas certamente é belo, suave, ainda que seja intenso. Intensidade perturba, num primeiro momento. Mas é nesse ritmo que vivemos. É a oportunidade de escolher como se quer a vida. E escolhas são diárias! O que nos pauta para vivermos essas escolhas?

Mas está tudo certo, está tudo em seu lugar. O imponderável nos faz sair da caixa, ampliar e reafirmar de qual sentimento




E por que nao surpresas?

Monday, June 02, 2008

Por que um blogue

Hoje lia uma notinha sobre um motorista do jornal O Estado de S. Paulo que está se transformando em fotógrafo. Já havia lido informações a respeito de tal sujeito, mas na nota de hoje havia o endereço do blogue dele. Fui lá eu sapear. Bacana. Tem até um espaço para potenciais patrocinadores. Fosse eu uma mecenas, provavelmente levaria simpaticamente a dica.

Blogue hoje é um monte de coisas amontoadas. São muitos blablábláblás ao mesmo tempo. Curiosa esta nova dinâmica humana. Como se de um dia para o outro, a humanidade resolvesse escrever seus diários e publicá-los. O fato é que esse "como se" já acontece, está acontecendo. Em alguma coisa essa tendência a expor o que se sente e pensa vai dar.

Um guru de Business disse certa vez que o blogue dele servia como a prova "beta" de algum projeto. É o mesmo que vale pra mim. Desde que fui aconselhada por um amigo a fazer um blogue, já visualizei dezenas de idéias factíveis para minha vida pessoal e profissional.

As palavras vibram, explicam uns. Trazem a memória ou formatam mentalmente alguma realidade desejada.