Wednesday, January 28, 2009

lindo, leve, solto

a memória cache de um computador reserva o registro das páginas que são acessadas. Normalmente depois de limpá-la sua máquina fica mais ágil. Guardar memórias particulares, mágoas, ressentimentos, pensamentos indesejados tem o mesmo efeito. Deixa a gente lenta. limpar, a mesma coisa.

Embora os teóricos digam que o computador é uma extensão do nosso cérebro, a limpeza da nossa memória requer vasculhar os mais profundos rincões para entender as conexões que travam a velocidade do processamento. E esse processo nao é tão simples e visível a olho nu.

Quebra-se uma perna e todos veem sua perna enfaixada. Um choque emocional, uma traição, uma sensaçao de abandono, uma perda, gera traumas por vezes pela vida toda e a ferida, infelizmente, nao é aparente.

Cavucar, escavar, tentar encontrar respostas. Por que algumas pessoas têm a necessidade de ir tão fundo. Porque provavelmente a alma sabe onde quer chegar.

Monday, January 26, 2009

Somos melhores na web

Um amigo jornalista, de nao mais que 26 anos, tornou-se estrela pelos rincões da cidade por conta do seu blogue, o Couro de Cabrito, dedicado à pesquisa de sambas antigos. Trezentas mil visitas ao mês, e um milhão de downloads mensais. Sambas de nomes pouco conhecidos do grande público, como Hermínio Bello de Carvalho, Elton Medeiros, e tradicionais, claro, como Cartola, Jamelão e por aí vai.

Impossível nao se entusiasmar com o poder da rede. André Carvalho, este jovem jornalista, começou a montar o blogue porque ele mesmo é um apaixonado por samba. "Uma relação de amor incondicional", como ele mesmo descreve ao se apresentar.

Pois bem, André presta um serviço público e cultural de livre e espontânea vontade. Como ele, milhões de pessoas aprenderam a usar a internet como objeto revolucionário, simplesmente para partilhar o que de melhor acham que pode existir com outras pessoas.

Certa vez um colega definiu muito bem esse fenômeno: o ser humano é melhor na rede do que fora dela. Pois sim, como diz o jornalista Rodrigo Mesquita, a rede é um mar a ser conquistado, águas nunca antes navegada. E infinito...

O assombroso e delicioso desta história é perceber o quanto o bloqueio está sendo quebrado. Quantos sambas foram filtrados por gente que se auto creditava legítimo para decidir quem é bom ou quem nao é.

Sambas, filmes, produtos, ideias. Tudo isso vai pra rede e quem decide o que é melhor somos nós. A indústria de um modo geral já se rendeu. Já há empresas que deixam o consumidor selecionar qual é a campanha que será veiculada na grande mídia.


E a nova geraçao, ah, a nova geração... esta terá seu próprio filtro e uma fonte de pesquisa inesgotável. quantos andrés estão por vir e revolucionar de verdade...

... os anjos já falam por aí... a Tv é do diabo, mas a internet é de Deus...

não é na Bíblia que se prega a solidariedade e o amor incondicional? André já escreve parte dessa história...

palavras, palavras, palavras...

há vários caminhos a trafegar na vida. eu gosto de um deles. o da palavra que é lei. se eu me comprometo com você, eu vou cumprir. isso me garantiu trabalho sempre na vida! e amizades duradouras...

o outro dia uma profissional me perguntou meio sem jeito se o trabalho que eu estava passando a ela seria pago corretamente. Eu respondi que sim, e que ela tinha toda razão de me fazer aquela pergunta, pois picaretas há aos montes no nosso mercado.

Hoje trabalho com parceiros que levam esse assunto muito a sério. E me fortaleceu o exercício do olho no olho, da palavra que é lei.

Hoje tenho dificuldade de compreender pessoas na vida pessoal que assumem compromissos e nao correspondem. ou que mudam de ideia no meio do caminho e nao ite atualizam. Quantos anos temos hoje? Nao entendo isso. Nao consigo entender, na verdade.

No mundo dos negócios, se evoluiu para os calhamaços de documentos, e contratos porque nao há respeito pela palavra. Vá lá. Nao dá pra ser poliana nessa seara. Mas já há quem questione esse modelo e passe a investir em processos de confiança nos ambientes de trabalho para evitar tanta necessidade de controle. Ou seja, gaste mais tempo conhecendo e aprendendo a confiar e menos no controle dos eventuais erros.

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Sunday, January 25, 2009

Museu

Museu

Wednesday, January 21, 2009

Que delícia, Obama!


É de arrepiar este momento. Claro, dá pena do que espera esse Barack Obama, mas é simplesmente maravilhoso saber que novos tempos chegaram de verdade e nao há como fugir da realidade.

Obama, que falou com os jovens desde o começo por usar o que os próprios americanos inventaram - a internet - é prova de que uma humanidade melhor está assumindo o planeta. Quase 70% dos jovens votaram nele, com o decisivo poder da web ajudando.

Mais negros, num país onde existe klu klus klan, mais longe. Ouvi o outro dia o termo "economia psíquica". Um fato como esse inclui uma informação no incosciente humano que antes nao existia. Num mundo escorchado por um estrume como o Bush, que sustentou até o último segundo uma mentira para movimentar, se nao me engano, 7 trilhões de dólares a favor da guerra do Iraque, a favor de genocídios sui generis, é realmente um alívio saber que isso tudo foi pro "spike".

Obama resgatou o que os próprios libertários da ex colônia inglesa pregavam. A tal da liberdade e da verdade.

Os americanos já vinham se tornando repugnantes há algum tempo, anestesiados pelos i-Pods, os booms da bolsa, e seus baldes de pipocas gigantes. O país que mais engorda no mundo ficou sem TV para se anestesiar e realmente, só quando o bolso sente é que se começa a refletir sobre "como chegamos até aqui".

Dói saber que os americanos fecharam os olhos para o genocídio dos iraquianos e que só se ergueram quando o desemprego, aquele que só havia nos países incompetentes além da fronteira deles, bateu a sua porta.

Mas, de fato, o mundo já está mudando, já mudou. Casais homossexuais se beijando na porta da Casa Branca, uma maravilhosa e bem instruída primeira dama, e um casal negro - nao faz tanto tempo assim que Spike Lee fez o filme "Do the right thing", em que retratava a guerra de Los Angeles nas ruas na década de 90 - é algo fantástico.

Aliás, destaque para a primeira dama, claro. Michelle deu de presente à mulher de Bush, sua antecessora, um diário. Não há como negar que se trata de uma mulher sensível e inteligente. Os olhos tremendamente azuis da ex primeira dama nao entenderam o recado, mas de mulher pra mulher foi: "nega, segura aí que sem ele você vai enlouquecer quando perceber que lixo vocês fizeram pro mundo..."

Tuesday, January 13, 2009

Por onde passa o perdão

Por conversas que não aconteceram, por colocar-se no lugar do outro, pela humildade e pelo reconhecimento de que somos humanos. A vida te mostra todos os dias isso, a vida te dá tantos sinais...

Sunday, January 11, 2009

Museu do futebol aos olhos de uma mulher...


...pois sim, eu levei meu filhote ao museu de futebol e os diálogos - ou será monólogos - incompletos denunciavam minhas lacunas futebolísticas. "Olha, meu gatinho, o Toninho Cerezo, esse é o Oscar, esse é o.... ai, como chama mesmo?" quando vimos a foto do time de 82 da seleção brasileira.

Seja como for, o museu entusiasma por si só, impossível ficar indiferente. Muita tecnologia e a reuniao óbvia de registros de áudio e vídeo do que é a maior ciência criativa do país contagia até as mais leigas. Painéis retratando as diferentes torcidas do país diante de gols dos seus times arrepia qualquer espectador.

A possibilidade de eleger lances mais bonitos a serem vistos e ainda selecionar o locutor que vai comentá-lo - de Soninha, a Armando Nogueira, ou Lima Duarte - dão charme e graça à visita.

E bem, nao é preciso ser tão entendido assim para ver como Garrincha e Pelé eram os gênios do pedaço. Assistir aos dribles do Garrincha é um presente, nao há nada que descreva melhor aquilo, uma pintura, uma obra de arte, qualquer coisa que permita adjetivar as passadas desenhadas.

É interessante ver como cada locutor seleciona o que considera seu melhor gol - amei o gol de Sócrates num jogo contra o São Paulo em 1983 aos, literalmente, 45 do segundo tempo. Em minha parca experiência como espectadora futebolística, senti falta de Rivaldo, que sempre me emocionou em suas atuações na Copa...

Destaque, em todo caso, para o espaço dos juízes. Brilhante a idéia de colocar entrevistas com as mães dos juízes (as famosas p... dos filhos da p... dos estádio) em formato de documentário. "Tem vezes que eu tenho vontade de entrar na televisão para ajudar, mas você sabe, nao pode. Não adianta. Para as mães, os filhos podem ter 40 anos e eles ainda são crianças..." E haja criança mais desprotegida que juiz em jogo decisivo...

Friday, January 09, 2009

do coração à mão

A abóboda celeste está negra com a inveja, egoísmo, culpa, medo, dizia um anjo. Corromper essa crosta demanda esforço hercúleo. A inércia está toda para baixo. Não é papo místico. Do pai que mata um filho para nao pagar pensão, à expansão do mercado de segurança e da indústria da guerra, vê-se que a visão do anjo não é filosófica. É real. Por sorte, há muita gente querendo furar o bloqueio para quebrar essa sequência de códigos.

Na sociedade do conhecimento há ainda um vício traidor. Saber pela palavra não quer dizer necessariamente que se é na essência. É um caminho, mas não necessariamente uma atitude. Os primeiros da Fuvest nao sao necessariamnete os melhores profissionais. Do coração à mão, me dizia uma alma de luz esta semana. Do verbo à ação é uma dinâmica mais complexa. Que a vida me permita exercitar esse plano até a eternidade.

Sunday, January 04, 2009

Ai, já estou com saudade da Ilha do Mel!

Quando me convidaram a conhecer a Ilha do Mel fiz o que todo mundo faria. Procurei informaçoes na web e em revistas de turismo. Me atraiu a idéia de sair da rota Nordeste-Sudeste e conhecer um estado que nunca havia visitado. Nas minhas pesquisas, me incomodou o fato de todas as fotos da Ilha do Mel serem fraquinhas - ou o tempo estava nublado ou as fotos eram pequenas. Mas bem, imaginei que as reportagens nao estavam captando a plenitude dessa península. De fato, foi assim. Mas eu imaginava apenas que seria algo "bacana". Porém, nao encantador como o que vi estes dias - superou totalmente minhas expectativas.

A Ilha do Mel de fato é uma surpresa a cada momento. Um céu de estrelas cadentes, trilhas, que parecem desenhadas,levam a praias desertas, bicas, golfinhos, ondas para todos os gostos, e uma exuberante vegetação da mata atlântica. Tudo isso restrito aos paranaenses, pelo que observei. Grande parte dos turistas era mesmo de Curitiba. Poucos paulistanos - algo inédito, uma vez que eles sempre são a maioria nos destinos mais requisitados. Ah, haviam sim paulistas, mas do interior de Sampa. ouvi mais sotaques caipiras do que os tradicionais "meu".

Fiquei surpresa com a fraca divulgaçao daquele paraíso, por onde nao circulam carros, obviamente, onde a água é tremendamente clara, e onde é possível fazer incansáveis trilhas sob um céu esplendoroso.

Difícil retratar aquele espaço de verdade. É um pulmão verde mesmo, onde o turismo segue um pouco a linha do "tostines". seria a fraca divulgaçao melhor para que esse espaço seja preservado, ou tornar mais conhecido a ilha a levaria para a velha prática da privatizaçao da natureza - onde só os ricos podem chegar, a exemplo de tantas cidades da Bahia. Eis a questão.

Um empresário local ironizou o papel do estado no apoio ao turismo. "Nosso secretário trabalha na Secretaria do Turismo de Florianópolis. Tudo que ele faz leva os turistas brasileiros para a capital de Santa Catarina". Nao sei ao certo se o plano era esse, mas o fato é que eles ainda contam com turistas muito jovens, que se instalam nas dezenas de campings de lá.

Há poucos pousadas efetivamente. A diversao local termina à meia noite nos bares da praia Encantada, e no máximo até as duas em alguns bares mais reservados. Sim, eles levam a sério a auto preservacao.

Enfim, foi uma grande surpresa conhecer a ilha. Me peguei cantando sozinha todos os dias, prova concreta de que aquele lugar me enfeitiçou. E bem, visitar a Ilha do Mel na virada do ano é sem dúvida a intençao de viver um ano mais doce... sem risco de ser piegas! aquele lugar realmente coloca a gente nas estrelas.