Wednesday, November 29, 2006

mulheres competitivas

A jornalista que fez a matéria da revista Veja condenando as mulheres à solidão tem somente 23 anos. Mas o texto final, é sempre dos editores. Coitadinha. Espero que não acredite no que escreveu. O mundo masculino é cheio de lançar pré-definições sobre as mulheres. Como a de que somos competitivas. É verdade, há mulheres que não têm a menor cerimônia para atingir seus objetivos, gerando estragos emocionais homéricos em outras, apenas para se sentirem capazes de conseguir o que querem. Mas os homens nao têm idéia do que é a solidariedade feminina. É uma liga ancestral. Graças a Deus, minhas relações são marcadas muito mais por esse sentimento do que pela competição. Ao longo da minha vida, tive duas pessoas assim - uma delas valeu pelo carma da vida toda. De resto, os homens não sonham o poder e a capacidade de amar suas semelhantes...

e vá lá, homens adoram colar essa definição, qdo eles mesmos o são escancaradamente. É só elogiar algum par ao lado dele para que eles se remoam, e comecem a lançar frases sutis descaracterizando o "inimigo".

o emeesseene

este personagem entrou na vida cotidiana de tal forma que já ficamos atentos à frase de nossa rede de contatos para saber o estado de ânimo. Já conheci uma pessoa que arrumou emprego no exterior depois de colocar uma frase: "Procuro emprego em Miami". Seu marido estava sendo transferido para lá, e ela queria anunciar sua disposição de encontrar uma colocação por lá. Conseguiu.

Mulher-escritório, enfronhada na frente do computador, é impossível descartar o efeito desse emeesseene nas nossas vidas. Recentemente venho acompanhando, em capítulos, o desenlace de um conflito afetivo de uma colega de trabalho. Depois de várias mensagens dizendo "Estresse total", semana dessas apareceu uma "Estou sozinha, o fulano me deixou". Adivinhei então que o companheiro a havia deixado. Elementar, é claro. Curiosa uma frase complementar "não me perguntem nada". Dia a dia, a frase muda. Já foi de "Você não é a última bolacha do pacote", a "Sou nova, bonita e tenho amigos verdadeiros. Que mais eu quero?" e "a tristeza nos faz dizer coisa que nos arrependemos". Enfim. Talvez isso não exista em nenhum lugar do mundo, mas aqui, até o emeesseene consegue ter paixão...

Bem, o meu, eu sempre coloco alguma coisa também, vá lá. Mas procuro frases mais indiretas. Ultimamente, "amorosidade, amor", para me lembrar que não preciso resolver conflitos de qualque natureza com outra coisa, se não esses sentimentos. Ai, a vida cotidiana fica cada vez mais complexa. E é preciso paixão mesmo para deixá-la palatável.

Tuesday, November 28, 2006

oito caminhões...

...numa ruazinha curta de Perdizes. Todos com material de consturção para erguer prédios enormes... de alto padrão... o mais duro deste pedaço aqui foi ver uma vila perto de casa cujo prédio em questão que seria erguido tampava uma visão maravilhosa da cidade, algo privilegiado. os moradores da rua, onde as pessoas colocam ainda cadeiras na calçada, estavam inconsoláveis pelo fim de sua vista.

quantos parques públicos foram construídos este ano? ah tá...

são paulo....

...por mais que a gente queira amar são paulo pela sua paisagem, é muito complicado. ama-se são paulo pelas pessoas - e nem todas, em todo caso. qualquer espirro, é um caos. a cidade tem boom imobiliário a toda hora e ver o céu em algumas regiões já é uma bênção. De resto, apenas prédios vizinhos.

a chuva de ontem paralisou a cidade. e o que pode ser bom - a chuva, para melhorar o ar - torna-se um peso, um obstáculo intransponível. E a cidade de são paulo é bem um reflexo dos males modernos. poucos lugares no mundo dão tantas possibilidades de cultura e lazer como este. Mas chegar a eles desperta preguiça. "vai chover", "tem trânsito", "tá cheio", "tem fila". O número de pessoas que me disseram que ia chover quando expus minha vontade de ir ao litoral na semana passada foi grande. Nem preciso dizer que não choveu, né? Se não tomarmos cuidado, vamos viciar num mau-humor, que não é bem pela chuva, trânsito, ou fila. Mas pela falta de prática de conviver com o caos que a cidade abriga. Estou em busca de desafios cidadãos para mudar esse quadro...

Sunday, November 26, 2006

mais mulheres....

Mesmo com Veja, outras publicações têm feito reportagens importantes para este universo. Como a matéria da revista Época da semana passada sobre os padrões repetidos por ex-maridos ou maridos enlouquecidos que batem ou chegam a matar a cônjuge/ex-cônjuge. A matéria levantava a questão para as agressões físicas e verbais. E para os caminhos de prevenção a problemas do gênero. O O Estado de S. Paulo igualmente hoje levantou a bola das mulheres de Pernambuco que se uniram para evitar mais casos do gênero. Foram 285 assassinatos só este ano no Estado. É difícil ser mulher. Essas cifras reverberam no inconsciente, e acabam se tornando legítimos aos olhos de muitos. Que por mais instruídos que sejam, vêem aí um expediente de última hora quando perdem a razão.

Obrigada, Veja!

A edição desta semana (27/11/06) da Veja prestou um serviço público sem precedentes. Pela revista, minha chance de casar ou encontrar alguém para partilhar a vida é de algo em torno de 10% ou até menos. A matéria mostrava como as mulheres tinham pequeníssimas chances de se casar depois dos 30 e nos condenou à solteirice por sermos bemsucedidas e resolvidas financeiramente. Sem ironia. Isso é muito engraçado, risível, hilário! A revista não dá conta dos zilhões de homens que cedem à pressão social de se casar para cumprir tabela mas têm corações infelizes precisando serem preenchidos com amantes e casos extraconjugais, ou simplesmente almas anuladas.

Não, não posso generalizar, mas num espectro amplo, muitas mulheres simplesmente desistiram desse modelo social, e sim, querem encontrar uma relação verdadeira, procuram um encontro de alma. Mas essa atitude ou expectativa é cerceada e ridicularizada o tempo todo pelos homens. Já ouvi definições sobre mulheres de 30 de amigos muito íntimos que me chocaram profundamente, tamanha ignorância e machismo. Sofri com esse pré-conceito, que também estava dentro de mim, afinal, nunca havia me preparado para a solteirice pós 30. By the way, cumpri a tabela, amor-sem-fim-casamento-de-véu-e-grinalda-filho-separação. Mas enfrentá-la, encará-la e admiti-la tem sido um exercício bonito, de perceber que abrir o coração e permitir que a vida siga seu fluxo não tem idade. Literalmente.

Uma das coisas mais doces que vivencio algumas vezes são os passeios no parque da Água Branca de sábado. Dentro de um amplo galpão, um baile da saudade matutino acontece semanalmente. A terceira idade se reúne para dançar a partir das 11 da manhã. É muito bom virar as avenidas do parque e deparar-se com casais idosos em cenas afetivas tão reais. As várias vezes que os vi invariavelmente a mulher estava sentada no colo do seu pretendente, em beijos enamorados. Que coisa boa.

O serviço público prestado por Veja foi admitir a leitura curta e rasa que a sociedade brasileira faz das mulheres. E garantir que muitas delas tenham em mãos uma tese para corroborar seu medo de se expor e acreditar em algo maior que a necessidade de casar, o amor de verdade. Pinçou ainda mulheres belíssimas de 30, 40 e 50 que reclamaram da solidão. Nenhuma que quebrou esse círculo vicioso, esse bloqueio mental coletivo. (Egoísticamente, penso: 'que bom! elas estarão em casa reclamando de sua falta de chances e eu estarei dançando com os homens que elas poderiam estar conhecendo!")

Qdo trabalhei na editora Globo, as revistas tinham um quê de comunicação de oferecer uma leitura, ou uma possibilidade positiva, às teses desenvolvidas nas reportagens. mas por Veja, nós assinamos nossa sentença de morte. Valeu Veja! Cada dia que passa, só confirmo que vc está perdendo a oportunidade de captar uma geração valorosa, com novas idéias para contribuir, e mudar o status quo, em todas as áreas. Inclusive das relações sociais.

Tuesday, November 21, 2006

shopping aberto e museu não?

meu Deus, ontem foi feriado, um dia gostoso para passear. Leio no jornal o que abre e o que fecha. Olho o portal do UOl, e vejo a foto convidativa da exposição dos tesouros do Peru. Não tive dúvidas. Saí para a Pinacoteca correndo aproveitar o dia... chego lá e... está fechado... Claro, mas os shooping centers, como anunciavam os jornais, estavam abertos. Ou seja, não vá ter cultura, vá consumir. Depois todos vão à Europa visitar os museus e se dizer impressionados com os tesouros milenares do Velho Mundo....