Sunday, March 29, 2009

"Nunca fomos tão valorizados lá fora"

A frase acima foi dita pela empresária Julia Cencini, que por força de sua profissão, viaja todos os anos ao exterior. Desde criança, aliás. Sócia da mãe na confecção que leva o nome da fundadora, Julia voltou há pouco dos EUA. Diz nunca ter sido tão bem tratada em lojas norte-americanas. "Nossa, só tem brasileiro comprando!", conversavam as funcionárias das lojas visitadas pela empresária. Nunca, ela foi tão bem atendida. E desse assunto junto a empresária entende.

Todos enxergam neste momento uma oportunidade de o Brasil crescer mesmo no cenário mundial. Está mais forte quando as grandes economias estão fracas.

Mas é um trabalho bastante complexo, embora nao impossível. É preciso fazer rapidamente lições de casa que ainda não foram feitas, como investir em educação, reduzir a burocracia, garantir o arcabouço jurídico para facilitar o desenvolvimento econômico, e assumir a seriedade dos negócios, enfrentando problemas bizarros, como a corrupção.

Assustador como as próprias vendedoras da Daslu já sabiam sobre o que aconteceria um dia após o anúncio de prisão da proprietária da Daslu - Daqui a pouco ela vai ser solta.


Essa memória presa a tudo que já foi até aqui é a mesma que continua a pavimentar o nosso futuro. Como disse um filósofo, ética é um conjunto de valores, e dependendo dos valores vividos num país, ele se torna a ética que rege todas as relações.
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Memória afetiva de vitórias

"Eles estão com dificuldades, mas percebi que a situação não é tão negra como os jornais daque contam", estranhou Julia. E acrescentou "Os americanos são trabalhadores, profissionais, diferentemente dos europeus, que estão muito mais apegados a benefícios como seguro desemprego. Eles sairão rápido dessa crise, tenho certeza", completou Julia.

Julia, a quem conheço há quase 3 décadas, teve a mesma percepção que renomados especialistas dividiram comigo semanas atrás. A memória afetiva dos EUA, de superaçao, de criação, de inovação, é muito mais efetiva do que a dos latinos - ainda presos ao sentimento de baixa auto estima - e aos europeus - que se tornaram mais conservadores para aplicar mudanças.

Não seria uma boa oportunidade de debater a identidade do país, de como ele pode se ordenar, sem mais repetir erros e vícios do passado?

Saturday, March 28, 2009

Camargos, corrupções, Daslus..

De tempos em tempos a gente fica esperançoso de que as coisas podem mudar. Me sinto sim mais segura de saber que a polícia federal chega a essas vias de investigação.

mas vejamos a sequência de fatos...

- Plano Real faz 15 anos e Fernando Henrique Cardoso declara que nunca passou a mão na cabeça de corruptos...

-...um dia depois estoura a denúncia contra a Camargo Corrêa, sobre um esquema de corrupção envolvendo altos executivos.

- ...A Camargo Corrêa atua com obras públicas desde antes de FHC estar no poder...

- ...estoura de novo a Daslu, que se tornou o bode expiatório do novo governo...

- ... o governo está em meio ao lançamento de um pacote habitacional, que envolve muitos interesses... inclusive de empreiteiras como a Camargo Corrêa;

- ...tudo acontece quando a popularidade do presidente mostra quedas...

Bom, passando das picuinhas brasilianas para um assunto muito mais sério chamado desenvolvimento econômico, fica claro que se o Brasil quiser fazer jus ao seu papel de país emergente terá sim de mexer na ferida da corrupção endêmica. Que vai corroendo a lógica dos negócios e a credibilidade.

A Eliana Tranchesi é mais frágil diante dos tubarões com quem alguém teve de negociar para que ela montasse a "Disneylândia', como ela mesma já nomeou. Não acho mesmo que ela seja uma ameça à sociedade.

Mas sem dúvida há algo que precisa sangrar mesmo, que é o Judiciário deste país. Chamou-me a atenção a coletiva de um procurador da Justiça de nao mais que 30 anos que explicava o caso Daslu, e dizia: isto mostra que dentro do Judiciário há pessoas preocupadas com a corrupção.

Uma antítese àqueles velhos caquéticos e decadentes que defendem com grande talento verborrágico ladrões que têm cara, cheio, textura e conteúdo de corruptos.

Ganhamos um pouco de esperança com as ações da PF, amplificadas pela mídia. Dá ibope, todo mundo, ainda que tenha se acomodado no "aqui nada vai mudar" tem lá no fundo um desejo legítimo de viver num país mais justo.

Se quisermos mesmo dar o exemplo e ganhar terreno num mundo que está em crise de identidade vai ser preciso continuar num sentido de mudanças profundas. Ou, voltaremos a assumir o papel de país mambembe, que todos admiram, até riem da gente, mas ninguém quer ir além.

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Friday, March 06, 2009

Depois da máfia, os traficantes podem ser incluídos!

pois é, o economista da Harvard University, Jeffrey Miron, estuda há 15 anos a indústria da cannabis sativa, vulgo marijuana, e ele garante que legalizá-la traria somente benefícios - econômicos e sociais - para os EUA. Redução do déficit público, com a arrecadação de impostos sobre a maconha, além da diminuição da violência, e até a redução de contágio de aids (essa eu nao entendi) seriam alguns dos beneficios da legalização. quem quiser ver mais o link da entrevista dele argumentando. http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI62858-16357-Economista%20de%20Harvard:%20cinco%20motivos%20para%20legalizar%20a%20maconha,00.html

Thursday, March 05, 2009

Crédito é mais rentável que drogas para a máfia?

Deu na mídia. O número de empresas italianas que estão buscando crédito com grupos mafiosos vai crescer por conta da crise. Só em 2007 150 mil empresas italianas buscaram crédito com os Capones, quando os juros bancários tradicionais nem eram tão altos assim. Agora entao...

Dia destes li que os juros cobrados pelo Banco do Brasil são mais altos que os da máfia italiana. É dizer, daqui a pouco os buona gente vão descobrir que conceder crédito é mais interessante e menos arriscado que se meter em disputa por território para droga!

Num mundo em que dinheiro virou informação financeira, tudo é possível....

Sunday, March 01, 2009

Crônicas colegiais






Dia destes aceitei o convite para reencontrar a turma do colegial. Colégio classe média da Vila Mariana, nem muito bom nem muito ruim, que preencheu a minha vida por cinco importantes anos na década de 80.

O grupo que reencontrei não foi grande, mas como eu, os presentes estavam curiosos para conhecer o que cada um fez, os caminhos que tomaram, pessoas com quem manteve contatos, memórias de uma semi-infância, começo da adolescência.

Senti um grande prazer de estar ali, ver essas pessoas com quem não falava - há vinte anos - e não fosse eu e minha língua comprida começar a debater política, o papo havia esticado mais.

É, eu provoquei, mas foi para manter o momento. No fundo, porque foi muito bom olhar para trás e reconhecer meu passado, o que me fez sentir à vontade com o meu presente. Estudamos numa escola nem muito boa nem muito ruim no ensino, mas que me deu ao vivo e à cores uma série de vivências que estruturaram a minha personalidade.

Tive lá professores de História meio outsiders, que nos colocavam para debater a democracia, instigaram minha presença de espírito.


Tive também um professor que contraiu uma doença no sangue, como ele partilhou com a gente na ocasião, que viríamos a saber mais tarde, era a tal da síndrome de imunodeficiência adquirida, mais conhecida como aids. Ele morreu de aids e foi a primeira vez que eu senti tão perto algo que marcou esta geração.

Tive uma professora de desenho muito louca, que dizia "caralho, puta que o pariiiiiiiiiiiiiu, calem a boca!!!!"

Perdemos outro professor querido, que faleceu num acidente de carro.

E roubamos o resultado de uma prova, mentimos a classe toda, algo que foi descoberto pela diretoria.

ah, e desfilamos de anjinhos quando éramos a classe mais bagunceira da escola.

São as experiências que marcam a nossa vida social e afetiva numa fase importante da construção da nossa identidade.

Era uma escola católica, particular, que nem boa nem ruim, nos deu amigos de presente. Foi no ginásio e no colegial que fiz amigos que perduram até o dia de hoje, que ajudaram a moldar a minha personalidade.

Dentre a pequena turma do último encontro, estavam pessoas com quem não estabeleci laços tão próximos, mas que mantiveram amizade entre eles.

São momentos imperdíveis, pedacinhos da nossa identidade e da nossa história.

Penso que naquela época sonhava com tudo que realizei até aqui,talvez um pouquinho mais ou um pouquinho menos, depende do ponto de vista.


Depois de vinte anos, a gente conclui. Caramba, eu já vivi bastante coisa. E olha para a frente e pensa que essas duas décadas para o futuro hão de se repetir duas ou três vezes. Ou seja, muita vida pela frente, que dependem dos sonhos que vamos acalentar, e os amigos que vamos escolher para continuar a aperfeiçoar o nosso molde no caminho que ainda temos.