a família de 31 mil pessoas agradece que a Terra ficou mais leve
Vinte e oito mil pessoas foram torturadas por Pinochet, morto ontem, ironicamente no dia dos Direitos Humanos. Outras 3 mil foram mortas pelo regime dele (1973-1990), dados oficiais. A gravidade não está no número. Só a título de comparação, a ditadura brasileira matou, também oficialmente, 4 mil pessoas. Com a única diferença que falamos de um país como o Chile, que hoje tem cerca de 18 milhões de habitantes - até 90, eram como 15 milhões - e o Brasil, com 160 milhões atuais.
Mais do que isso, não é contar qual ditadura é pior. Quem leu Tortura Nunca Mais - eunão consegui até o final,- não consegue imaginar que houve coisas piores. A ditadura na Argentina, que empurrava os presos políticos em alto mar, e no Chile, que matava todos os filhos de uma mesma mãe, incendiava jovens que saíam da universidade, que seguiu requintes de crueldade até o último ano - é, de longe, a mais grave. É o hitler latino. Foi fruto de um acaso com raízes muito marcadas para acontecer. Foi o laranja que deu certo. Pinochet era um ignorante, daqueles que todo mundo conhece, alguém sem formação, que lhe dão poder, e ele abusa. E ele era do estilo das novelas, da Bia Falcão. Cínico, até na velhice, conseguiu se passar por doente mental, em cadeira de rodas, para sair da prisão decretada por Baltazar Garzón, na Europa, para desembarcar no Chile e levantar rindo da cadeira que, supostamente, o prendia.
No auge da ditadura, seu séquito prendeu Victor Jara, que poderíamos equivaler a Caetano Veloso, exilado em Londres, e o prendeu no Estádio NAcional, equivalente a um estádio do Morumbi, ou Maracanã, para cortar-lhe a língua e arrancar-lhe as unhas e dizer "agora, cante, seu desgraçado". Esses requintes de crueldade, visto em filmes como a lista de Schindler, que retratam as barbáries do nazismo, aconteceram no Chile.
Mais grave ainda que justificou-se até o final. Estavam livres do comunismo. Sim, o Chile tem um povo peculiar. Foi ali que ocorreu um grave conflito, foi a Cuba às avessas, a resistência do capitalismo em plena guerra fria. Juntaram-se fatores que levaram a criar e fomentar um monstro como Pinochet, cortejado pela dama do neoliberalismo margareth Tatcher, que o tratava como elegante, fino - uma piada. Ela sabia que precisava alimentar esse ego doente para que ele fosse dócil na tarefa de proteger o mundo do "inimigo". O infeliz acreditou.
Tirar as raízes do comunismo no Chile era de fato uma tarefa que exigia eficiência. O País tinha partidos socialistas nascidos um século antes, ou seja, tinham consistência de demandas. E os EUA já tinham um plano de resistência bem antes de 1973, ainda na década de 40, quando inseriu nas universidades chilenas, as raízes do neoliberalismo. As escolas econômicas chilenas foram das primeiras a apreender os dogmas de milton Friedman sobre o assunto em intercâmbios culturais, como os que existem hoje. Qdo Pinochet assumiu, já havia uma nata de economistas chilenos que fariam a lição de casa, para varrer os vestígios do comunismo. Pinochet não entendia nada de economia. Nem de política. Nem de direitos humanos. Nem de cultura. Nem de nada. Era um soldado. Elevado a comandante, que seguiu como um cachorrinho tudo que lhe ordenaram. A qualquer preço. Pela lógica militar, racional, foi um aluno nota dez.
Para o mundo, deixou apenas uma lição do que não ser, dos perigos de fabricar líderes doentes, arrogantes, malditos. A ditadura chilena dilacerou famílias, pessoas, foi nefasta.
Enfim, todo mundo já sabe. Era um hitler. que Riu de todos os que o criticavam até o final. A vingança de não ter tido honras de Estado é pequena, certamente. Mas não caberia diferente. A presidente Michele Bachelet estava entre as 28 mil. Também tive um tio entre estes 28 mil, felizmente sobreviveu, e hoje vive na Suécia.
Que este seja um presságio de uma nova era. Que saia então os outros Pinochets que ainda estão aí. O mundo precisa abrir espaço para quem vai viver por valores humanos.
O Chile hoje é modelo. Mas consegiu melhorar a situação dos pobres a partir do neoliberalismo apenas com a entrada em 1990 dos grupos de esquerda no poder. Procura aproveitar da melhor maneira que pode as odes do capitalismo.
Acrdito qeu não era a melhor receita econõmica.
Mais do que isso, não é contar qual ditadura é pior. Quem leu Tortura Nunca Mais - eunão consegui até o final,- não consegue imaginar que houve coisas piores. A ditadura na Argentina, que empurrava os presos políticos em alto mar, e no Chile, que matava todos os filhos de uma mesma mãe, incendiava jovens que saíam da universidade, que seguiu requintes de crueldade até o último ano - é, de longe, a mais grave. É o hitler latino. Foi fruto de um acaso com raízes muito marcadas para acontecer. Foi o laranja que deu certo. Pinochet era um ignorante, daqueles que todo mundo conhece, alguém sem formação, que lhe dão poder, e ele abusa. E ele era do estilo das novelas, da Bia Falcão. Cínico, até na velhice, conseguiu se passar por doente mental, em cadeira de rodas, para sair da prisão decretada por Baltazar Garzón, na Europa, para desembarcar no Chile e levantar rindo da cadeira que, supostamente, o prendia.
No auge da ditadura, seu séquito prendeu Victor Jara, que poderíamos equivaler a Caetano Veloso, exilado em Londres, e o prendeu no Estádio NAcional, equivalente a um estádio do Morumbi, ou Maracanã, para cortar-lhe a língua e arrancar-lhe as unhas e dizer "agora, cante, seu desgraçado". Esses requintes de crueldade, visto em filmes como a lista de Schindler, que retratam as barbáries do nazismo, aconteceram no Chile.
Mais grave ainda que justificou-se até o final. Estavam livres do comunismo. Sim, o Chile tem um povo peculiar. Foi ali que ocorreu um grave conflito, foi a Cuba às avessas, a resistência do capitalismo em plena guerra fria. Juntaram-se fatores que levaram a criar e fomentar um monstro como Pinochet, cortejado pela dama do neoliberalismo margareth Tatcher, que o tratava como elegante, fino - uma piada. Ela sabia que precisava alimentar esse ego doente para que ele fosse dócil na tarefa de proteger o mundo do "inimigo". O infeliz acreditou.
Tirar as raízes do comunismo no Chile era de fato uma tarefa que exigia eficiência. O País tinha partidos socialistas nascidos um século antes, ou seja, tinham consistência de demandas. E os EUA já tinham um plano de resistência bem antes de 1973, ainda na década de 40, quando inseriu nas universidades chilenas, as raízes do neoliberalismo. As escolas econômicas chilenas foram das primeiras a apreender os dogmas de milton Friedman sobre o assunto em intercâmbios culturais, como os que existem hoje. Qdo Pinochet assumiu, já havia uma nata de economistas chilenos que fariam a lição de casa, para varrer os vestígios do comunismo. Pinochet não entendia nada de economia. Nem de política. Nem de direitos humanos. Nem de cultura. Nem de nada. Era um soldado. Elevado a comandante, que seguiu como um cachorrinho tudo que lhe ordenaram. A qualquer preço. Pela lógica militar, racional, foi um aluno nota dez.
Para o mundo, deixou apenas uma lição do que não ser, dos perigos de fabricar líderes doentes, arrogantes, malditos. A ditadura chilena dilacerou famílias, pessoas, foi nefasta.
Enfim, todo mundo já sabe. Era um hitler. que Riu de todos os que o criticavam até o final. A vingança de não ter tido honras de Estado é pequena, certamente. Mas não caberia diferente. A presidente Michele Bachelet estava entre as 28 mil. Também tive um tio entre estes 28 mil, felizmente sobreviveu, e hoje vive na Suécia.
Que este seja um presságio de uma nova era. Que saia então os outros Pinochets que ainda estão aí. O mundo precisa abrir espaço para quem vai viver por valores humanos.
O Chile hoje é modelo. Mas consegiu melhorar a situação dos pobres a partir do neoliberalismo apenas com a entrada em 1990 dos grupos de esquerda no poder. Procura aproveitar da melhor maneira que pode as odes do capitalismo.
Acrdito qeu não era a melhor receita econõmica.