Saturday, July 07, 2007

Da arte de esculpir palavras, de Parati

Flip - Ainda tem gente brincando que vim passear na Flip em vez de trabalhar. É bem verdade. Que cada viagem de trabalho a gente transforme em passeio. Mas quem trabalha com escrita tem aqui uma chance ímpar de ouvir loucos com angústias parecidas com as nossas. Dá até uma certa reserva querer niverlar-se às estrelas da feira, como o americano Dennis Lehane, o israelente Amos Oz ou o mexicano Guillermo Arriaga. Mas é libertar-se de uma vez por todas - ou pelo menos dar um tempo até a próxima feira - das crises de auto-censura por sofrer ao escrever certos textos. Um comentário de dennis e Guillermo fez o público gargalhar. sentem calafrios quando alguém lhes diz que gostaram tanto de algum livro seu, que o devoraram em duas horas. "Eu levei oito anos pra escrever e ele leu em duas horas! Me sinto em déficit", brincou Guillermo.

Escrever é traduzir no papel o que se sente. E para tal, é preciso sentir. Ou não há palavras a transcrever. Não, essa não é uma equação básica e lógica. Sentir em tempos contemporâneos é tarefa árdua.

Marçal Aquino bem colocou uma pergunta simples e ao mesmo tempo tão óbvia e certeira para Guillermo Urriaga, autor de livros que deram origem aos excelentes filmes amores brutos, Babel e 21 Gramas, e Dennis Lehane, autor de policiais. "Qual foi a experiência mais próxima de violência que vcs sentiram?"

Genial. Aula de jornalismo e escrita. Ambos têm marcas, 'tatuagens' que determinaram seus destinos. Memórias na carne que ajudaram a expressar o mundo que eles retratam.


Outros ...

E não há nada melhor que ouvir um escritor do porte de Amos Oz descrever seu processo de criação e escrita. As esculturas em seus livros, escolher a melhor palavra para expressar aquele sentimento, aquele momento, aquele personagem.

Hoje, o argentino Alan Pauls falou um pouco de amor. E das mulheres que amam demais e utilizam esse excesso de amor como capital para apossar-se de seus objetos de amor. Tornam o amor um culto, uma religião, 'verdadeiras terroristas', ironizou. Chato, porém, que a outra convidada da mesa, Maria Rita Kehl, ficou enchendo ele de perguntas sobre o romance que está apresentando na feira. Chato para quem não leu, e não quer se ater apenas a essa obra - até para não ter sua leitura influenciada - , mas sim a tudo que um escritor tem a oferecer.

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