Friday, March 09, 2007

once more, o teletrabalho virou realidade....

ah, e da série, olha o que eu já fiz, me deparei com a matéria feita com Domenico Demasi, nos tempos de revista Época, o homem que ganha dinheiro no mundo inteiro pedindo às pessoas para trabalharem menos... Foi uma ótima entrevista, para gastar meu italiano, que a esta altura já enferrujou de vez - voltarei a estudá-lo! Mas lá estava ele pregando o teletrabalho no final dos anos 90. E olha eu aqui... uma teletrabalhadora, feliz. Não podia imaginar que De Masi vislumbrava o que seria também o meu cotidiano.



TELETRABALHO

O poder do ócio

O sociólogo italiano Domenico De Masi reforça a crítica aos modelos de trabalho tradicionais


Se a Internet continuar rompendo padrões de comportamento, em breve 50% das atividades profissionais poderão ser feitas pelo "teletrabalho". É o que espera o sociólogo italiano Domenico De Masi, de 61 anos, estudioso das relações de trabalho, conhecido no Brasil por ter pregado a idéia do ócio como fonte de criatividade para os negócios.

"Se, em vez de sair de manhã para o escritório, um executivo ficar em casa trabalhando com auxílio da Internet, fará suas tarefas em menos tempo, vai curtir mais a família, além de driblar o trânsito", diz. A rede, acrescenta, pode ajudar a modificar a organização das empresas, das famílias e até das cidades.

"Isso iria melhorar o tráfego de carros e a vida da outra metade dos trabalhadores que não podem deixar de comparecer a seus empregos", raciocina. Pela décima vez no Brasil, De Masi inaugura na segunda-feira 25 o instituto S3 Brasil, uma adaptação de sua escola de organização do trabalho com sede em Roma.

O sociólogo aproveita a viagem também para promover seus dois livros mais recentes: A Sociedade Pós Industrial, da Editora Senac São Paulo, e O Futuro do Trabalho, da José Olympio. Este último, lançado há algumas semanas, já está na segunda edição. Ambos tratam do desajuste entre as formas de trabalho na sociedade moderna. Para De Masi, os avanços nessa área são maiores do que sua utilização prática.

"Vivemos ainda num ritmo de trabalho da época industrial, quando a sociedade está na era dos serviços, em que poderíamos trabalhar bem menos, com a tecnologia disponível. Mas temos a neurose do tempo", diz. Famoso pelas opiniões ácidas sobre o modismo empresarial, De Masi critica as megafusões, por exemplo. Elas castram a motivação e a criatividade, acredita. "Não passam de jogos financeiros que protegem algum criminoso e determinam a riqueza ou a desgraça de uma empresa ou de um país", afirma.

O sociólogo também critica o Brasil: "O país se abriu para a globalização e só copiou o modelo americano de organização de empresas, mantendo-se submisso a ele". Muitas idéias difundidas, como as de privatização, globalização e demissão em massa, são ideologias propagadas no mundo pela escola americana de administração, diz De Masi. "Isso não é ter idéias", reclama. "Os que estudaram nessas escolas são quase todos imbecis, conheço muitos deles." De Masi se interessou pelo Brasil através da mulher, Susi, apaixonada pela música popular brasileira. "

Duvido que os músicos que acompanham o Caetano Veloso são organizados como a Fiat. Mas um dia a Fiat vai imitar o estilo do Caetano Veloso", afirma. O irônico italiano reconhece, porém, que há pequenos sinais de mudança, inclusive no Brasil. A Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), seria um exemplo. Apesar de a instituição difundir as teorias de administração das escolas americanas, acabou de firmar um convênio com De Masi para desenvolver cursos sobre novas fórmulas de organização. "Até os EUA estão em busca de outro modelo", afirma. Fenômenos como o teletrabalho, acredita ele, só reforçam essa tendência.

Carla Jimenez

0 Comments:

Post a Comment

<< Home